Reis num Círculo Perfeito

O terceiro e último dia de festival começa com os italianos Messa e um doom metal misturado com uns acordes de jazz, a fazerem-se ouvir num ambiente negro que depois é quebrado pela voz da vocalista Sara Bianchin, como um raio de luz que irrompe pela tempestade. Com influências do rock psicadélico dos anos sessenta e do rock de setenta, os The Atomic Bitchwax aplicam o seu filtro para deixar passar, pelo som dos seus instrumentos, um rock progressivo e a deixar caminho aberto para a banda seguinte, um trio que dá pelo nome de King Buffalo, com uma cadência suave de groove hipnótico que vai aumentando de peso ao longo do concerto. Com a audiência bem quente entram em palco os Dead Ghost a fundirem o punk com o garage rock. Vamos agora aumentar o peso sonoro e fazer entrar os Monolord e a sua orientação black metal e prepararmo-nos para o metal dance eletrónico dos Patriarchy a subverter as fronteiras da sociedade. Sem muito tempo para repor calorias sobe a palco uma banda formada em 1979 e pioneira no hardcore punk. Depois de alguns hiatos ao longo da carreira, os Circle Jerks voltaram a juntar os instrumentos em 2020 para bridarem os fans com os seus concertos. Os Molchat Doma carregam na bagagem um post-punk new wave e descarregam no recinto a energia que trazem da Bielorrússia. Para quem não esteve presente no warm-up tem agora oportunidade de ver os Castle Rat que voltaram a fazer as delícias do publico. O fim aproxima-se sem darmos por ele, tal a cadencia que as bandas vão subindo aos três palcos montados no recinto, mas ainda temos tempo para mais duas. Os Dopthrone chegam-nos do Canada com o seu sludge metal de misturas abrasivas e letras de autodestruição e terminamos o dia com os mexicanos Vinnum Sabbathi e um space rock de transições hipnóticas a aconchegar a mente e o espírito numa maratona de três dias de festival considerado por muitos dos estrangeiros presentes um dos melhores do género na europa.

Para o ano temos mais e com a certeza de a lotação voltar a esgotar. Fiquem atentos para não deixarem esgotar os bilhetes.

 

Texto: Alexandre Marques

Fotos: Mário Gouveia