Depois do aquecimento que preparou o espírito para a maratona de três dias de festival, o dia um começa “cedo”, 14:30, com uma banda nacional. Vindos de Braga sobem a palco os Capela Mortuária com o seu metal genuíno com influências de Sepultura e Slayer para logo de seguida ser a vez de mais uma banda nacional. Os BØW fizeram a viagem da capital até ao norte para entregar de forma intensa e robusta o seu hardpunk e contagiar os que ainda poderiam estar a digerir o almoço. Mudamos de continente e vamos até às Américas para ver e ouvir os Hoover III de L.A. a trazer o garage psicadélico com uma mistura de pop rock, seguidos dos Spoon Benders de Portland com um garage rock psicadélico. Voltamos ao continente europeu com os noruegueses Slomosa a abrir a porta, para deixar entrar o vento nórdico do seu stoner e despejar gelo no ambiente quente num festival à beira-mar. Ditz foram os que se seguiram, com o vocalista Cal Francis a começar o concerto junto ao publico para depois saltar para cima dele e despejar emoção e irreverência no meio do noise e hardcore emanados pelos instrumentos.
O jantar começa a ser servido são 20h e vem pelas mãos dos Earthless e a sua música psicadélica instrumental. Isaiah vai soltando notas pelo braço da guitarra acompanhado por Mike Eginton, no baixo, e Mario Rubalcaba, na bateria, o que ajuda, pois só temos que usar os ouvidos e apreciar o repasto servido em palco. A banda que se seguiu começou como um projeto a solo da vocalista Kristina Esfandiari em 2009 para agora subir a palco como grupo de nome King Woman e trazer um doom-metal, por vezes ensonado, e post-metal com letras a contarem experiências pessoais. Com nome de deus egípcio, mas vindos da Bélgica, os Amenra espalham pelo recinto o seu som de avan-garde post metal e black metal cheio de intensidade e com temas pesados.
Fu Manchu dispensam apresentação, pois a longevidade da banda fala por si só. Vindos da solarenga Califórnia, estendem as suas toalhas em palco cheias de stoner rock e harcore punk proporcionando aos mais distraídos e sem protector alguns escaldões. Com a revisão feita e bem sincronizados chega a vez dos Maquina, trio Lisboeta, que este ano vão somando quilómetros com o seu tecno industrial contundente de inspiração repetitiva minimalista do krautrock.
A terminar o dia ainda temos tempo para fazer subir a palco os Heavy Trip com uma mistura de heavy psicadélico dos anos 70, hard rock, stoner metal e doom blues. A fechar este primeiro dia os Inhuman Nature lançam ao recinto o seu thrash metal para fazer acordar alguns neurónios que por ali possam andar mais ensonados, como que a dizer que a noite pode continuar para além do fecho do recinto festivaleiro.
Resta-nos esperar pelo dia de amanhã para mais notas altas e pesadas.
Texto: Alexandre Marques
Fotos: Mário Gouveia